Neste fim de semana reunimos uma turma para correr o Mountain Do na Lagoa da Conceição. A bem da verdade, o grupo, reunido pelo treinador Paulinho, era uma equipe já formada e eu entrei no jogo no segundo tempo (clichê) .
Entrei, não necessariamente para correr, mas, para caminhar, pular, se arrastar e tropeçar. Tropecei tanto na descida de uma montanha que meu tamanho de calçado diminuiu dois números.
(Glauber, aquele par de tênis que você me ofereceu antes da prova, tamanho 9, agora serve. Não calço mais o 10).
Então, eram 8 trechos para fechar os 73 KM.
O Glauber, que não é o Rocha, mas, encarou uma pedreira sem precedentes na geografia da cidade - começou a prova. Oito horas da manhã. Vai ter força de vontade hein ô! Com um sábado chuvoso, metade da cidade nem havia acordado ainda. A outra metade estava bocejando.
Depois vieram os irmãos Thayssa, que queria descer o morro escorregando numa folha de bananeira (só não fez isso porque o Rafael não deixou) e o Puma que, como o xará do mundo animal, pode pular horizontalmente nada mais nada menos do que 40 pés (vi isso num artigo da internet - deve ser verdade). A realidade é que os manos de Blumenau se deram bem e deitaram os cabelos entre as matas do Red River e da Lagoa.
Aí entrou a Aline na parada. Uma correria no asfalto e uma outra correria nas areias da praia do Campeche. Fico sem fôlego só de pensar. Foi heroína, a Aline. Ela, o Red Bull e as asas. Foi um longo e duradouro relacionamento com a resistência. Quase 11 km.
Não se canse leitor. Esses personagens suaram muito mais para fazer parte desta história.
Bom, em seguida o bastão foi para as mãos do Paulinho, que não correu, voou. Por isso o chamam de mestre. De carro, entre o Campeche e a Joaquina, chegamos quase juntos ao posto de troca.
Claro que o piloto da Van era o seu Nelson. Um aposentado que foi alugando a minha cabeça. Reclamava do país, da aposentadoria, dos políticos, etc...Fui salvo pela buzina da Van que disparou. Ri muito. O seu Nelson não conseguia fazê-la calar. E eu querendo que ele calasse as queixas da vida. Foi a vingança. A teimosia da buzina em curto o fez ficar quieto. Meus ouvidos foram salvos pela geringonça.
Retomemos.
Vale dizer que, depois de fechar o trecho dele, o Paulinho foi buscar cada um dos três atletas que fariam os percursos finais.
Um deles era a Ana, que sentiu a força das dunas da Joaquina. Aquilo é um imã de areia sugando os pés da gente. Aliás, ela deve ter se apavorado. Não viu os pés nas dunas, já que a areia os encobria. Depois, entrou numa trilha com mato até a tibio-társica (tornozelo para quem não sabe). A Ana é médica. Deve ter pensado: Nossa, cadê a minha articulação tíbio-társica? Ela gosta de palavrões.
Ana passou a responsabilidade para mim. Só o que faltava. Passar a responsabilidade para mim. Só louco faz isso. Louco de pedra. Loucas, as pedras que encontrei pelo caminho. Uma delas, a famigerada montanha do trecho 7. Um pico de 200 metros de altura. 6 km de morro. Olha a descrição:
Lama, pedra, pedra com lama, buraco, buraco com pedras, plantas carnívoras (petiscaram lascas das minhas pernas, braços e mãos) e areia. Areia? A natureza é f...! Encheu a montanha de areia. Quem sobe um negócio desses? E pra descer? Quem disse que pra descer todo santo ajuda? Não tinha uma p... de um santo lá! Ou tinha? Tinha.
Bati o morro, as canelas (tibio-társica novamente) e a programação do meu tempo. Encontrei na trilha, aos berros, os camaradas Paulinho e Victor, que deram aquela força até a chegada. Só lembro do Victor dizendo que estava muito bom. E eu tentando entender o significado de muito bom. Muito bom, muito bom, ele dizia. Eu, sem fôlego, BPM perto de 200 e querendo saber o que era muito bom. Na hora eu não imaginava o que era muito bom. Talvez fosse muito bom ainda estar em pé sem uma entorse da tibio-társica.
Na areia da Barra da Lagoa juntei-me aos meus filhos João e Vicente. Os dois, gritando, claro. "Corre mais pai, corre!" Essa parte foi fotografada pela Ale, fotógrafa oficial da família. Quando acabou a bateria da câmera dela, recebeu outra câmera, da Ana, para brincar. Sina de quem gosta de imagem.
Passei a bronca ao Rodrigo Faraco. O cara, no asfalto, é uma Ferrari, na trilha e na areia é um off road sobre patas. Um animal. Deu no que deu. Massacrou os 10 km finais. Não tenho o tempo dele, mas, ele pode deixar um comentário sobre isso. O Faraco encerrou junto com o Paulinho (cara vou te cobrar 100 pratas por cada inserção do seu nome - tá em todas) e com o Marcos Alexandre, grande parceiro das corridas.
Sabine Weiler, não esqueci de você. Deu piques de 50 e 100 metros a cada troca de atleta, fotografando todos para sua reportagem. Incentivou e fez sanduíches. Bons os sandubas da Sabine, viu!
Ao fim de quase 8 horas de corrida, os personagens cruzaram a linha de chegada, encerraram epopéia e foram felizes para sempre.
Se eu não terminasse com um chavão, o clichê lá do início ficaria com ciúmes.
Entrei, não necessariamente para correr, mas, para caminhar, pular, se arrastar e tropeçar. Tropecei tanto na descida de uma montanha que meu tamanho de calçado diminuiu dois números.
(Glauber, aquele par de tênis que você me ofereceu antes da prova, tamanho 9, agora serve. Não calço mais o 10).
Então, eram 8 trechos para fechar os 73 KM.
O Glauber, que não é o Rocha, mas, encarou uma pedreira sem precedentes na geografia da cidade - começou a prova. Oito horas da manhã. Vai ter força de vontade hein ô! Com um sábado chuvoso, metade da cidade nem havia acordado ainda. A outra metade estava bocejando.
Depois vieram os irmãos Thayssa, que queria descer o morro escorregando numa folha de bananeira (só não fez isso porque o Rafael não deixou) e o Puma que, como o xará do mundo animal, pode pular horizontalmente nada mais nada menos do que 40 pés (vi isso num artigo da internet - deve ser verdade). A realidade é que os manos de Blumenau se deram bem e deitaram os cabelos entre as matas do Red River e da Lagoa.
Aí entrou a Aline na parada. Uma correria no asfalto e uma outra correria nas areias da praia do Campeche. Fico sem fôlego só de pensar. Foi heroína, a Aline. Ela, o Red Bull e as asas. Foi um longo e duradouro relacionamento com a resistência. Quase 11 km.
Não se canse leitor. Esses personagens suaram muito mais para fazer parte desta história.
Bom, em seguida o bastão foi para as mãos do Paulinho, que não correu, voou. Por isso o chamam de mestre. De carro, entre o Campeche e a Joaquina, chegamos quase juntos ao posto de troca.
Claro que o piloto da Van era o seu Nelson. Um aposentado que foi alugando a minha cabeça. Reclamava do país, da aposentadoria, dos políticos, etc...Fui salvo pela buzina da Van que disparou. Ri muito. O seu Nelson não conseguia fazê-la calar. E eu querendo que ele calasse as queixas da vida. Foi a vingança. A teimosia da buzina em curto o fez ficar quieto. Meus ouvidos foram salvos pela geringonça.
Retomemos.
Vale dizer que, depois de fechar o trecho dele, o Paulinho foi buscar cada um dos três atletas que fariam os percursos finais.
Um deles era a Ana, que sentiu a força das dunas da Joaquina. Aquilo é um imã de areia sugando os pés da gente. Aliás, ela deve ter se apavorado. Não viu os pés nas dunas, já que a areia os encobria. Depois, entrou numa trilha com mato até a tibio-társica (tornozelo para quem não sabe). A Ana é médica. Deve ter pensado: Nossa, cadê a minha articulação tíbio-társica? Ela gosta de palavrões.
Ana passou a responsabilidade para mim. Só o que faltava. Passar a responsabilidade para mim. Só louco faz isso. Louco de pedra. Loucas, as pedras que encontrei pelo caminho. Uma delas, a famigerada montanha do trecho 7. Um pico de 200 metros de altura. 6 km de morro. Olha a descrição:
Lama, pedra, pedra com lama, buraco, buraco com pedras, plantas carnívoras (petiscaram lascas das minhas pernas, braços e mãos) e areia. Areia? A natureza é f...! Encheu a montanha de areia. Quem sobe um negócio desses? E pra descer? Quem disse que pra descer todo santo ajuda? Não tinha uma p... de um santo lá! Ou tinha? Tinha.
Bati o morro, as canelas (tibio-társica novamente) e a programação do meu tempo. Encontrei na trilha, aos berros, os camaradas Paulinho e Victor, que deram aquela força até a chegada. Só lembro do Victor dizendo que estava muito bom. E eu tentando entender o significado de muito bom. Muito bom, muito bom, ele dizia. Eu, sem fôlego, BPM perto de 200 e querendo saber o que era muito bom. Na hora eu não imaginava o que era muito bom. Talvez fosse muito bom ainda estar em pé sem uma entorse da tibio-társica.
Na areia da Barra da Lagoa juntei-me aos meus filhos João e Vicente. Os dois, gritando, claro. "Corre mais pai, corre!" Essa parte foi fotografada pela Ale, fotógrafa oficial da família. Quando acabou a bateria da câmera dela, recebeu outra câmera, da Ana, para brincar. Sina de quem gosta de imagem.
Passei a bronca ao Rodrigo Faraco. O cara, no asfalto, é uma Ferrari, na trilha e na areia é um off road sobre patas. Um animal. Deu no que deu. Massacrou os 10 km finais. Não tenho o tempo dele, mas, ele pode deixar um comentário sobre isso. O Faraco encerrou junto com o Paulinho (cara vou te cobrar 100 pratas por cada inserção do seu nome - tá em todas) e com o Marcos Alexandre, grande parceiro das corridas.
Sabine Weiler, não esqueci de você. Deu piques de 50 e 100 metros a cada troca de atleta, fotografando todos para sua reportagem. Incentivou e fez sanduíches. Bons os sandubas da Sabine, viu!
Ao fim de quase 8 horas de corrida, os personagens cruzaram a linha de chegada, encerraram epopéia e foram felizes para sempre.
Se eu não terminasse com um chavão, o clichê lá do início ficaria com ciúmes.
foto: Alessandra
11 comentários:
Fabiano, então aquele croquete gigante que vimos subindo o morro da Praia Mole quando fomos almoçar no "Ponta das Caranhas" ontem eras tu ? O Paulo e eu ficamos com muita raiva de ver aquela gente saudável correndo logo após nós dois termos nos empapuçado de caçarola de frutos do mar?!!
Bem, quem sabe na próxima encarnação poderás contar conosco na tua equipe?.Bjs.Brígida
Nossa adorei teu texto. Pelo jeito a prova estava o máximo... de chuva, pedras, lama, trilha hehhe. Uma pena mesmo não ter corrido, mas deixa ano que vem pego vocês.
Estamos esperando Ana!
Fantastico...Muito bom ter conhecido vcs. E cada palavra desse texto ai eu assino em baixo.
Abracos
Essa prova vai ficar pra sempre na minha memória!
Parabéns a todos da super equipe Sprint, q agora faço parte com muito orgulho!!!
Fábio, realmente esse trecho q corremos tava f..., hehe! Cheguei no Tamar acabada e o pior, ainda faltava o último trecho, afff....coisa de doido né!!
Valeu, parabéns!!
Bjs Martinha
Texto delicioso. Pena que, na segunda-feira, já deu uma canseeeeeira! Será que a sexta demora muito?
Amei o texto!!!! Valeu relembrar alguns momentos do dia maravilhoso que foi sábado. Realmente as tíbio-társicas sofreram e estão sendo lembradas até hoje (segunda). Acho que elas quase ficaram pelo caminho, atoladas na lama ou enterradas na areia daquela duna f.... que vou sonhar o resto da vida...hehehehe.. Valeu cada km!!!
A equipe SPRINT está de parabéns!!!
Beijos. Ana
Marta! Correr em dupla, como você correu, é uma maluquice maior do que a do octeto do texto. heheheh
Parabéns! Muito bom, como diria o Victor.
Acabo de ver a nossa classificação.
Apesar de ser um detalhe sem muito interesse, discordo do meu tempo.
No meu cronômetro deu 56´. A prova marca 59´.
Enfim.....
Adorei !!! Foi um dia especial demais...de muitas e muitas corridas por aí né....e ano que vem , pego aquelas dunas de jeito! Pq estarei voando literalmente..rsrsrs
Parabénss para nóss...e que venha a próxima ||!
Adorei todas as descrições... Foi ótima a historinha, quase suei! Ah e o Paulinho eu tb conheço. Uma pessoa muito legal. Tudo isso, com certeza, só estimulou a minha vontade de fazer uma prova dessas. 2010 que me espere, rsrs. Bjs
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