terça-feira, 26 de agosto de 2008

Vida de craque

Nome: João Gabriel Mitzra

Data de nascimento: 19/12/1998

Cidade natal: Curitiba/PR

Altura: 1,42m

Peso: 29 Kg

Onde joga: Corredor do apartamento, quadra do condomínio, Parque de Coqueiros, Escolinha de São José e, mais recentemente, no campo do Paula Ramos Esporte Clube, em Florianópolis.

Ontem voltei aos gramados depois de um ano afastado por causa de uma contusão, do trabalho, de outra contusão e de mais trabalho. O local do retorno foi a sede do Paula Ramos.

Claro, apesar de ainda conseguir correr, graças à uma horinha de corrida todos os dias, o tempo da bola já não é o mesmo, mas, logo, logo recupero.

O fato é que, com 20 minutos de jogo, estávamos perdendo por dois gols de diferença. Uma correria danada até que um gênio percebeu que o time adversário estava com um jogador a mais. Demos um jeito. Para equilibrar, o Edmilson Ortiz veio para o nosso time. Eu, que não gosto de desigualdades, sejam elas sociais ou esportivas, peguei um colete (teve gente que chiou) e vesti meu filho João, que foi jogar no time contrário ao do pai. Falei para ele ficar perto da área que estava tudo bem.

Ele obedeceu, meio tímido, e começou a receber a bola. Devolvia certinho, sempre nos pés dos companheiros. Se a história terminasse aí, já teria sido bom, mas, foi além.

O guri foi se soltando, se soltando e, não demorou, deu um passe para um gol.

Boa João! Gritava o Gustavo Schwabe, que era o goleiro do time dele. E eu, adversário, naquele momento torcia para que meu time chegasse ao empate, pelo menos, e para que o João marcasse um gol.

Corri, corri, fiz alguns lançamentos, passes, fiz o nome do Gustavo quando perdi um gol, mas, o melhor estava por vir.

Eu estava no meio campo e o João recebeu uma bola lançada pelo Roberto Alves. Quando vi o lance, fui para marcar o pequeno craque petulante e, ao chegar perto dele, ele, esperto que é - sabia que eu iria roubar a bola - viu o Luiz Christiano vindo pelo meio, livre, passou a bola e.......GOL!

Foi a segunda assistência da noite, fora as cobranças de escanteio, cruzamentos e bolas perdidas nos pés dos zagueiros do nosso time.

E o Jõao ouvindo do Gustavo e do Chalinho: "É isso aí João!" "Vai João!"

Claro que eu também ouvi: "O João joga bola, mas, o pai......" Tudo bem. Eu já tenho uma profissão.

Depois de alguns minutos, o Jõao recebeu uma bola na entrada da área, livrou-se do Fabrício Corrêa e ficou de frente pro gol. Quando ia bater, o Fabrício puxou o atacante mirim pelo braço, fez falta e o gol não saiu. Não naquele momento.

A hora do gol veio logo depois. A pelota chegou até ele, quase na linha de fundo pelo lado direito, ele deu um toque para dentro da área para ter ângulo e mandou um chute certeiro entre a trave e o goleiro. Um espaço de menos de um metro. Sabe aquela bola com endereço certo? Foi assim.

"Boa João!" - disseram os parceiros de equipe.

O sucesso era tão evidente que o Roberto Alves até deu a bola para que ele cobrasse um escanteio. Vocês acreditam? Pois é.

Meu time perdeu. Mas o do João não.

Ao final da partida, fui até o João e disse: "Maravilha filho! Fez um belo gol."

Ele, sem salto alto, me disse: "Ih pai, só fiz o gol porque o goleiro não tava bem no jogo".

Dei risada, óbvio. Ele, com cara de preocupação, me falou: "Pai, tô com sede. Paga um refri?"

Pago filho, pago. Foi uma espécie de troféu, a recompensa dele.

E eu ouvindo piadas. hahahahahaha Piada assim, dá até gosto.

4 comentários:

Tavares disse...

Ele que venha ajudar o Atlético.

Boa, João!

Abraços,

Marco Antonio Zanfra disse...

Opa! Taí o momento de investir no garoto e começar a garantir sua (sua mesmo, do pai) aposentadoria. Porque "eu já tenho profissão" não dá camisa a ninguém.

gustavo schwabe disse...

O João tá no caminho certo. Dois conselhos fundamentais pra deslanchar na carreira:

1)fazer sempre o contrário do que o pai faz em campo;

2)nunca jogar contra mim.

Anônimo disse...

Muito legal o teu texto, Fabiano. Realmente emociona.
Parabéns para o nosso craque.
abs.